sexta-feira, 20 de abril de 2012

CASO DE RACISMO NA UNESP ARARAQUARA

 A Unesp vai pedir à Polícia Federal que apure dois crimes no campus de Araraquara (SP): xenofobia, que é a antipatia contra estrangeiros, e discriminação contra um grupo de estudantes africanos. Além disso, a direção da Faculdade de Ciências e Letras, onde ocorreu a manifestação, irá comunicar o fato ao Ministério Público.

O campus conta com 26 estudantes oriundos da África, sendo 23 na Faculdade de Ciências e Letras, dois no Instituto de Química e um na Faculdade de Ciências Farmacêuticas, que vieram estudar no Brasil por meio de um convênio internacional.

A inscrição "sem cotas aos animais da África” revoltou professores e alunos da unidade. Algumas frases de repúdio foram escritas no mesmo lugar. Na universidade, há um espaço aberto aos estudantes. No corredor, eles escrevem o que pensam, o que sentem, mas desta vez, a liberdade de expressão foi usada a favor do preconceito.

Os universitários africanos registraram boletim de ocorrência por discriminação no 4º Distrito Policial. “Eu fiquei muito triste em saber que tinha gente que ainda tem esse tipo de pensamento negativo”, observa Fiston Angembe, que estuda economia. “É inexplicável sofre um ato de racismo e xenofobia. É um ato desumano”, completa Alfa Embalo, estudante de ciências sociais.

O delegado Antonio Luiz Andrade acredita que o ato de preconceito partiu um grupo de pessoas. “Nós temos um grupo de investigadores no caso, com a recomendação de fazer uma investigação bem rigorosa”, afirma.

A Unesp abriu sindicância para apurar os fatos. Dagoberto José Fonseca, coordenador do Centro de Línguas Africanas afirma que irá pedir investigação também à Polícia Federal, por envolver preconceito contra estrangeiros.

“É uma investigação atenta tanto dos direitos individuais quanto coletivos, aos acordos internacionais, mas fundamentalmente a um projeto de internacionalização da universidade. Como uma universidade se internacionaliza, recebe estudantes estrangeiros com manifestações racistas e xenófobas?”, destaca.

“Isso não devia estar acontecendo. As pessoas devem entender o porquê do convênio, o porquê de nós deixarmos nossos países para estudarmos fora. Os próprios brasileiros vão para outros lugares estudar”, analisa Duarte Olossato Quebi, estudante de sociologia.

Fonte: http://g1.globo.com/sp/araraquara-regiao/noticia/2012/04/unesp-pede-pf-que-apure-caso-de-racismo-e-xenofobia-em-araraquara.html

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