quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Projeto Literafro

Projeto desenvolvido na Escola Municipal Dr. Gladsen Guerra de Rezende em Uberlândia- MG, este teve como objetivo sensibilizar os alunos quanto aos valores defendidos pelos povos africanos e afro descendentes, conscientizando-os de que “a sociedade é formada por pessoas pertencentes a grupos étnico-raciais distintos, que possuem cultura e histórias próprias, igualmente valiosas que em conjunto constroem, na nação brasileira, sua história” (Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana). Com duração de abril até julho, o projeto foi ministrado com alunos do ensino fundamental de 7° anos, cada turma foi levada até a Biblioteca da escola, (biblioteca afro/PIBID) onde selecionaram livros de autores africanos e afro brasileiros, relacionados à cultura africana.
O projeto cumpriu com o que se esperava, pois além de colaborar para a melhora da leitura, interpretação de texto e escrita, este, foi fundamental pra ampliar os horizontes dos alunos acerca da temática étnico-racial.

 

Oficina de auto identificação


A oficina teve duração de fevereiro até junho de 2013, na Escola Municipal Dr. Gladsen Guerra de Rezende, esta atividade teve inicio após observarmos a dificuldade de auto identificação de muitos alunos em se reconhecerem enquanto negros, vislumbramos a necessidade de abarcar em um projeto os motivos dessa não aceitação étnica, para isso, cada bolsista foi para sala de aula dos diferentes turnos, com um instrumental e materiais para colorir. Pedíamos para que os alunos desenhassem a forma como se viam no espelho sem maiores explicações; foi apenas enfatizado a necessidade de colorir suas características como cabelo, cor dos olhos e da pele. A intenção em não dar maiores detalhes para realizarem a atividade foi justamente não influenciá-los quanto à intencionalidade do projeto, que era averiguar como os mesmos se definiam enquanto raça/cor. Essa atividade foi aplicada para toda a escola nos 3 turnos (manhã, tarde, noite).Conseguimos pós atividade, mensurar a quantidade de aceitação/ rejeição identitária dos alunos, junto a uma tabulação de dados efetuada e embasarmos as futuras atividades.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

“A coisa tá Preta!”

A coisa tá Preta! 

O projeto “A coisa tá Preta!” Mostra de filmes africanos e de suas diásporas é viabilizado pelo Programa Municipal de Incentivo a Cultura da Secretária de Cultura da Prefeitura de Uberlândia, através do Fundo Municipal de Cultura e foi apresentado na E.M. Dr. Gladsen de Rezende no dia 29 de agosto para 8° e 9° período do EJA.
O projeto “A coisa tá Preta!” Mostra de filmes africanos e de suas diásporas tem  como objetivo refletir acerca da expressão “A coisa tá Preta”. Você já se perguntou o porquê algumas pessoas utilizam esse jargão apenas quando coisas ruins acontecem? Será que “A coisa tá Preta” somente em momentos ruins?
Diante dessas perguntas, o projeto “A coisa tá Preta!” exibirá filmes e documentários que abordam a questão do negro(a) e de suas culturas, visando à divulgação e valorização das diversas manifestações culturais de matrizes africanas, assim como, o incentivo à reflexão acerca da situação da população negra.
É fato que até conquistarmos uma sociedade plenamente igualitária, temos um longo caminho a percorrer, sendo que suas vias devem ser pavimentadas por valores, atitudes e práticas sociais que expressem o respeito e a valorização das culturas de matrizes africanas. Daí a importância de as pessoas refletirem sobre os filmes desta Mostra, visto que, o projeto intenciona que nesse espaço tempo haja desconstruções, reconstruções e construções de ideias e certezas, acerca da temática afro racial.
Mais do que assistir a filmes, trata-se de um convite ao debate, à reflexão, para construirmos juntos um país que diga não ao racismo e valorize a diversidade racial do país.
A Mostra “A coisa tá Preta!” se faz com o intuito de popularizar e descentralizar as exibições dos filmes, alcançando uma parcela da população brasileira que historicamente não tem acesso às salas de cinema. Neste sentido, a Mostra acontecerá no período de março a outubro de 2013 em escolas das regiões periféricas, geográfica e social, da cidade de Uberlândia, pois, acreditamos que essa prática pode alcançar patamares além de uma prática isolada.
No mês de novembro de 2013, por ser o mês da Consciência Negra, finalizaremos o projeto com uma semana de exibição e debates de filmes/documentários, sendo um total de 10 exibições. Em todas as sessões haverá a participação de estudantes das escolas públicas de Uberlândia, uma vez que, o projeto viabilizará transporte para que esses participem da Mostra.
Esperamos que todos os participantes da Mostra reflitam sobre os temas abordados nos filmes. Que incorporem essas reflexões às suas práticas cotidianas ao longo de suas vidas e sejam, desta maneira, promotores e defensores dos valores mais caros a Diversidade Étnico-Racial, contribuindo com a construção de um país menos racista e mais igualitário. 

João Gabriel Nascimento e Camila Soueneta Nascimento Nganga

domingo, 4 de agosto de 2013

Quilombolismo


QUILOMBISMO:
um conceito científico emergente do processo histórico-cultural
da população afro-brasileira
Uma proposta do autor aos seus irmãos afrodescendentes no Brasil e nas Américas, apresentada em trabalho apresentado ao 2º Congresso de Cultura Negra das Américas, Panamá, 1980.
...uma verdadeira revolução racial democrática, em nossa era, só pode dar-se sob uma condição: o negro e o mulato precisam torna-se o antibranco, para encarnarem o mais puro radicalismo democrático e mostrar aos brancos o verdadeiro sentido da revolução democrática da personalidade, da sociedade e da cultura.
- Florestan Fernandes
O Negro no Mundo dos Brancos

Memória: a antigüidade do saber negro-africano

Numa passagem anterior do texto deste livro fizemos menção à urgente necessidade do negro brasileiro em recuperar a sua memória. Esta tem sido agredida sistematicamente pela estrutura de poder e dominação há quase 500 anos. Semelhante fato tem acontecido com a memória do negro-africano, vítima, quando não de graves distorções, da mais crassa negação do seu passado histórico.
A memória dos afro-brasileiros, muito ao contrário do que afirmam aqueles historiadores convencionais de visão curta e superficial entendimento, não se inicia com o tráfico escravo e nem nos primórdios da escravidão dos africanos, no século XV. Em nosso país, a elite dominante sempre desenvolveu esforços para evitar ou impedir que o negro brasileiro, após a chamada abolição, pudesse assumir suas raízes étnicas, históricas e culturais, desta forma seccionando-o do seu tronco familial africano. A não ser em função do recente interesse do expansionismo industrial, o Brasil como norma tradicional ignorou o continente africano. Voltou suas costas à África logo que não conseguiu mais burlar a proibição do comércio da carne africana imposta pela Inglaterra aí por volta de 1850. A imigração maciça de europeus ocorreu daí a mais alguns anos, e as classes dominantes enfatizam sua intenção e ação no sentido de arrancar da mente e do coração dos descendentes escravos a imagem da África como um a lembrança positiva de nação, de pátria, de terra nativa; nunca em nosso sistema educativo se ensinou qualquer disciplina que revelasse algum apreço ou respeito às culturas, artes, línguas e religiões de origem africana. E o contato físico do afro-brasileiro com os seus irmãos no continente e na diáspora sempre foi impedido ou dificultado, entre outros obstáculos, pela carência de meios econômicos que permitissem ao negro se locomover e viajar fora do país. Porém, nenhum desses empecilhos teve o poder de obliterar completamente do nosso espírito e da nossa lembrança a presença viva da Mãe África. As diversas estratégias e os expedientes que se utilizam contra a memória do negro-africano têm sofrido, ultimamente, profunda erosão e irreparável descrédito. Este trabalho é fruto da dedicação e competência de alguns africanos, a um tempo estudiosos, pesquisadores, cientistas, filósofos, e criadores de literatura e arte, pessoas do continente africano e da diáspora africana. Cheikh Anta Diop, do Senegal; Chancellor Williams, dos Estados Unidos; Ivan Van Sertima e George M. James, da Guiana; Yosef Ben-Jochannam, da Etiópia; Theophile Obenga, do Congo-Brazzaville; Wole Soyinka e Wande Abimbola, da Nigéria, figuram entre os muitos que estão ativos, produzindo obras fundamentais para a África contemporânea e futura. Em campos diferentes, e sob perspectivas diversas, o esforço desses eminentes irmãos africanos se canaliza rumo a exorcizar as falsidades, distorções e negações que há tanto tempo se vêm tecendo com o intuito de velar ou apagar a memória do saber, do conhecimento científico e filosófico, e das realizações dos povos de origem negro-africana. A memória do negro brasileiro é parte e partícipe nesse esforço de reconstrução de um passado ao qual todos os afro-brasileiros estão ligados. Ter um passado é ter uma conseqüente responsabilidade nos destinos e no futuro da nação negro-africana, mesmo enquanto preservando a nossa condição de edificadores deste país e de cidadãos genuínos do Brasil.
A obra fundamental de Cheikh Anta Diop, principalmente seu livro The African Origin of Civilization (versão em inglês de seleções de Nations Nègres et Culture e Antériorité des Civilisations Nègres, originalmente publicados em francês), apresenta uma confrontação radical e um desafio irrespondível à arrogância intelectual, desonestidade científica e carência ética do mundo acadêmico ocidental ao tratar os povos, civilizações e culturas produzidas pela África. Utilizando-se dos recursos científicos euro-ocidentais - Diop é químico, diretor do laboratório de radiocarbono do IFAN, em Dacar, além de egiptólogo, historiador e lingüista - este sábio está reconstruindo a significação e os valores da antigas culturas e civilizações erigidas pelos negro-africanos, as quais por longo tempo têm permanecido obnubiladas pelas manipulações, mentiras, distorções e roubos. São os bens de cultura e civilização e de artes criados pelos nossos antepassados no Egito antigo, os quais eram negros e não um povo de origem branco (ou vermelho escuro) conforme os cientistas ocidentais do século XIX proclamavam com ênfase tão mentirosa quanto interessada. Vejamos como a esse respeito se manifesta Diop:
O fruto moral da sua civilização está para ser contado entre os bens do mundo negro. Ao invés de se apresentar à história como um devedor insolvente, este mundo negro é o próprio iniciador da civilização "ocidental" ostentada hoje diante dos nossos olhos. Matemática pitagórica, a teoria dos quatro elementos de Thales de Mileto, materialismo epicureano, idealismo platônico, judaísmo, islamismo, e a ciência moderna, estão enraizados na cosmogonia e na ciência egípcias. Só temos que meditar sobre Osíris, o deus-redentor, que se sacrifica, morre e é ressuscitado, uma figura essencialmente identificável a Cristo (1974: XIV).
As afirmações de Diop se baseiam em rigorosa pesquisa, em rigoroso exame e rigorosa conclusão, não deixando margem para dúvidas ou discussões. E isto longe de pretender aquele dogmatismo que sempre caracteriza as certezas "científicas" do mundo ocidental. O que Diop fez foi simplesmente derruir as estruturas supostamente definitivas do conhecimento "universal" no que respeita à antigüidade egípcia e grega. Gostem ou não, os ocidentais têm de tragar verdades como esta: "...quatro séculos antes da publicação de A mentalidade primitiva de Lévy-Bruhl, a África negra muçulmana comentava a lógica formal de Aristóteles (que ele plagiou do Egito negro) e demonstrava-se especialista em dialética" (Diop, 1963: 212).
E isto, não esqueçamos, acontecia quase 500 anos antes que ao menos tivessem nascido Hegel ou Karl Marx...
Diop revolve todo o processo da mistificação de um Egito negro que se tornou branco por artes da magia européia dos egiptólogos. Após a campanha militar de Bonaparte no Egito, em 1799, e depois que os hieróglifos da pedra Rosetta foram decifrados por Champollion, o jovem, em 1822, os egiptólogos se desarticularam atônitos diante da grandiosidade das descobertas reveladas.

Eles geralmente a reconheceram como a mais antiga civilização, a que tinha engendrado todas as outras. Mas com o imperialismo, sendo o que é, tornou-se crescentemente "inadmissível" continuar aceitando a teoria evidente até então - de um Egito negro. O nascimento da egiptologia foi assim marcado pela necessidade de destruir a memória de um Egito negro, a qualquer custo, em todas as mentes. Daí em diante, o denominador comum de todas as teses dos egiptólogos, sua relação íntima e profunda afinidade, pode ser caracterizado como uma tentativa desesperada de refutar essa opinião [do Egito ser negro]. Quase todos os egiptólogos enfatizaram sua falsidade como uma questão fechada (1974: 45).
Desta posição intelectual em diante, como procederam os egiptólogos? Como negar a realidade egípcia, essencialmente negra, a qual não apresentava contradições científicas realmente confiáveis ou válidas? Não possuindo argumentos ou razões para refutar a verdade, exposta pelos antigos que viram o Egito de perto, alguns egiptólogos preferiram guardar silêncio sobre a questão; outros, mais obsessivos em seu irracionalismo, optaram pelo caminho da rejeição dogmática, infundada e indignada. De um modo geral, todos "se lamentavam que um povo tão normal como os egípcios antigos pudessem ter feito tão grave erro e desta forma criar tantas dificuldades e delicados problemas para os especialistas modernos" (Diop, 1974: 45).
A pretensiosidade eurocentrista nesse episódio se expõe de corpo inteiro. Lembra o exemplo de um típico escritor do "progressismo" brasileiro, o racista Monteiro Lobato, quando acusa o negro-africano de haver provocado graves problemas para o Brasil com a miscigenação, a tão celebrada mistura de sangues negro e branco... Mas voltemos aos egiptologistas: eles prosseguiram obstinadamente o vão esforço de provar "cientificamente" uma origem branca para a antiga civilização do Egito negro.
Quanto a Diop, compassivo e humano diante do feroz dogmatismo dos egiptólogos brancos, revelou bastante paciência e gentileza explicando-lhes que não alegava superioridade racial ou qualquer gênio especificamente negro naquela constatação puramente científica de que a civilização do Egito antigo fora erigida por um povo negro. O sucesso, explicou-lhe Diop, resultou de fatores históricos, de condições mesológicas - clima, recursos naturais, e assim por diante - somados a outros elementos não-rácicos. Tanto assim foi que, mesmo tendo-se expandido por toda a África negra, do centro e do oeste do continente, a civilização egípcia, ao embate de outras influências e situação histórica diversa, entrou num processo de desintegração e franco retrocesso. O importante é sabermos alguns dos fatores que contribuíram para a edificação da civilização egípcia, entre os quais Diop enumera estes: resultado de acidente geográfico que condicionou o desenvolvimento político-social dos povos que viviam às margens do vale do Nilo; as inundações que forçavam providências coletivas de defesa e sobrevivência, situação que favorecia a unidade e excluía o egoísmo individual ou pessoal. Nesse contexto surgiu a necessidade de uma autoridade central coordenadora da vida e das atividades em comum. A invenção da geometria nasceu da necessidade da divisão geográfica, e todos os demais avanços foram obtidos no esforço de atender uma carência requerida pela sociedade.
Um pormenor interessa particularmente à memória do negro brasileiro: aquele onde Diop menciona as relações do antigo Egito com a África negra, de modo específico com os iorubás. Parece que tais relações foram tão íntimas a ponto de se poder "considerar como um fato histórico a possessão conjunta do mesmo habitat primitivo pelos iorubás e egípcios". Diop levanta a hipótese de que a latinização de Horus, filhos de Osíris e Ísis, resultou no apelativo Orixá. Seguindo essa pista de estudo comparativo, ao nível da lingüística e outras disciplinas, Diop cita J. Olumide Lucas em The religion of the Yorubas, o qual traça os laços egípcios do seu povo iorubá, concluindo que tudo leva à verificação do seguinte: a) uma similaridade ou identidade de linguagem; b) uma similaridade ou identidade de crenças religiosas; c) uma similaridade ou identidade de idéias e práticas religiosas; d) uma sobrevivência de costumes, lugares, nomes de pessoas, objetos, práticas, e assim por diante (Diop, 1974: 184; Lucas, 1978: 18).
Meu objetivo aqui é o de apenas chamar a atenção para esta significativa dimensão da antigüidade da memória afro-brasileira. Este é um assunto extenso e complexo, cuja seriedade requer e merece pesquisa e reflexão aprofundadas, no contexto de uma revisão crítica das definições e dos julgamentos pejorativos que há séculos pesam sobre os povos negro-africanos.










Espírito Santo recebe projeto de incentivo a cultura afro nas escolas.

O ensino da história e da cultura afro-brasileira na rede pública e particular de ensino no Estado merece ser abordado com mais frequência durante o ano. São constatações dos próprios educadores, que acreditam que o tema é ainda pouco debatido no ambiente escolar, apesar da Lei 10.639/2003 exigi a inclusão desses pontos na grade curricular. Para reverter esse quadro, foi lançado no Estado, na tarde desta segunda-feira (29), o projeto A Cor da Cultura, que busca a valorização social e cultural. 
O Espírito Santo é o 14º estado a receber A Cor da Cultura, desde que foi criado em 2004. A coordenação do projeto espera capacitar cerca de 540 educadores capixabas, entre eles professores e técnicos que atuam nas escolas. 
Serão realizadas oficinas de formação voltadas para a demonstração da metodologia do Projeto, cursos e seminários. “Tudo que faz a diversidade cultural avançar na questão do respeito e no resgate de valores vem a somar”, acredita Maria de Fátima Cossetti Barboza, diretora de uma escola localizada na região de Terra Vermelha, em Vila Velha. Para a ela o ensino da cultura afro-brasileira deve ser ampliado. 
 De acordo com a coordenadora geral do Projeto, Ana Paula Brandão, o programa produz conteúdos audiovisuais e pedagógicos com a história da população negra para auxiliar na formação de profissionais de várias disciplinas. “Esse projeto perpassa por todas as disciplinas. Na verdade, o conteúdo do étnico racial perpassa por todas as disciplinas e todas as series. 
Dentro do kit pedagógico temos material para atender a educação infantil quanto ensino médio e educação de jovens e adultos”, explicou a coordenadora geral do Projeto, Ana Paula Brandão. O lançamento aconteceu na tarde desta segunda (29). Mas, a programação se estenderá até agosto. 
De 30 de julho a 2 de agosto serão treinados os profissionais da Grande Vitória. E de 5 e 9 nos pólos de Cachoeiro de Itapemirim e Colatina. Nos encontros, os profissionais vão receber orientações sobre como usar o material dos kits pedagógicos em sala de aula e como multiplicar o conteúdo didático. Ainda este mês, o projeto será lançado também no Maranhão, Goiás, Pará e Rio Grande do Sul.Já foram distribuídos 2.044 kits em sete estados. Até o momento, 1661 escolas públicas e centros de formação de professores foram contemplados. 


Para este pólo participaram formadores do Rio de Janeiro - RJ e Uberlândia- MG. Entre está equipe contamos com duas bolsistas PIBID da escola Gladsen Guerra de Rezende (Maria Laura e Pollyanna), professores e graduados da UFU (Universidade Federal de Uberlândia). 
A Cor da Cultura é uma parceria entre Petrobras, Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), Centro Brasileiro de Informação e Documentação do Artista Negro (CIDAN), Ministério da Educação, por meio da SECADI, Ministério da Cultura, por meio da Fundação Palmares, Fundação Roberto Marinho, via Canal Futura, e a TV Globo. Para mais informações, educadores e público em geral podem acessar o site www.acordacultura.org.br, que funciona como um ambiente de gestão, relacionamento e espaço para retirada de dúvidas sobre a temática. 


Fonte:http://www.eshoje.jor.br/_conteudo/2013/07/entretenimento/arte_e_cultura/7544-espirito-santo-recebe-projeto-de-incentivo-a-cultura-afro-nas-escolas.html

terça-feira, 30 de julho de 2013

Vale a pena conferir!

Arte e história no Museu Afro Brasil

Museu Afro Brasil
Painel do núcleo “História e Memória”
Em uma das pontas da marquise do Parque Ibirapuera, um prédio de linhas arrojadas e inconfundíveis, traçadas por Oscar Niemeyer, encontra-se uma rica narrativa da história do negro no Brasil e no mundo.
Lá, o negro aparece como sujeito e objeto, como vê e como é visto, num movimento que possibilita a reflexão sobre a negritude de cada um.  É o Museu Afro Brasil, com 11 mil m² e cerca de 4.500 obras expostas.
O artista plástico Emanoel Araujo é o diretor, curador e proprietário de boa parte do acervo. Ele já organizou exposições com a temática afro no mundo inteiro. Uma de suas maiores intenções era ter, em São Paulo, um espaço artístico permanente e aberto a todos para discutir a afrobrasilidade. “Os negros não têm hábito de freqüentar museus porque nós vivemos numa sociedade racista, sexista e com outros tipos de preconceitos, que afastam as pessoas da arte, da cultura. E esse nosso projeto é uma forma de aproximar o museu do seu público”, afirma o curador.
O Museu Afro Brasil existe desde 2004, quando foi criado, por decreto, pela ex-prefeita Marta Suplicy. Como não houve a elaboração de um Projeto de Lei na Câmara Municipal, aconteceu um desentendimento: o museu existia, embora não estivesse regulamentado. Isso quer dizer, por exemplo, que não havia orçamento destinado ao museu pela prefeitura.  Por isso, tornou-se uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), em agosto de 2005, e deixou de ser administrado pela Secretaria Municipal de Cultura. Segundo Ana Lúcia Lopes, coordenadora do núcleo de educação do museu, o maior desafio da gestão é conseguir verba.  “Fizemos um projeto para trazer a população para cá, com um ônibus que partia de diversos pontos de cultura da cidade. Trouxemos cerca de 8 mil pessoas, mas não conseguimos continuar por falta de dinheiro”, explica ela.

Metáforas

As exposições temporárias do Museu Afro Brasil abrem espaço para artistas do mundo inteiro com temas que, por vezes, não se relacionam diretamente com a negritude, mas, de alguma forma, dialogam com o museu. Já o acervo permanente divide-se em seis núcleos: “África”, “Trabalho e escravidão”, “O Sagrado e o Profano”, “Religiosidade Afro-Brasileira”, “História e memória” e “Arte”. A disposição do acervo dentro do museu foi concebida de forma proposital, construindo uma narrativa histórica. “Não existe uma seqüência lógica, mas uma simultaneidade de relações. Todos os núcleos têm interfaces entre eles”, explica Ana Lúcia.
Museu Afro Brasil
Obras do núcleo “O Sagrado e o Profano”
Os educadores que coordenam as visitas ao museu têm que tentar reverter, em 75 minutos – tempo de duração das visitas guiadas –, preconceitos culturais arraigados há anos pela sociedade. “Muitas escolas se recusam a vir aqui ou pedem para pular a parte de religiosidade”, revela Juliana Ribeiro, historiadora e educadora do museu, referindo-se às reações que presencia quando alguns estudantes e professores passam pelas vestimentas e adornos usados no candomblé, que fazem parte do acervo. “Temos que lidar com o preconceito, mesmo em crianças muito pequenas e até em idosos. O papel do educador é aproveitar para desconstruir essas coisas que estão na cabeça das pessoas.”
De acordo com ela, é muito difícil os visitantes entenderem o fio condutor do Afro Brasil sem a presença do educador. “Ao contrário de muitos outros museus, ele não é de fácil compreensão. Muitas pessoas saem daqui dizendo que acharam muito confuso, que não entenderam a proposta”, conta.  A historiadora destaca a riqueza de metáforas na concepção artística do curador para dispor as obras como causadora da dificuldade de compreensão. Mas, mesmo sem mediação, ela afirma que dificilmente alguém sai de lá sem se sensibilizar, de alguma forma, com as obras e o resgate histórico ali presentes.

Biblioteca afro-brasileira

O museu abriga a biblioteca Carolina Maria de Jesus, com 6 mil títulos, entre livros, teses, revistas e artigos, em sua maioria, voltados para a temática do negro. “Tem arte africana e brasileira, cultura brasileira, muitas coisas sobre o tráfico de pessoas, a escravidão, a abolição e religiosidade”, define a bibliotecária Romilda Silva. O acervo não pode ser emprestado, mas a consulta é livre durante o horário de funcionamento do museu.

Serviço – Museu Afro Brasil

  • Rua Pedro Álvares Cabral, s/nº - Pavilhão Manoel da Nóbrega
    Parque do Ibirapuera, Portão 10
  • Horário de funcionamento: das 10h às 17h (o museu não abre às segundas-feiras)
  • Telefones: 5579-8542 / 5579-7716 / 5579-6399

Outros Museus

O Museu Afro Brasil é um dos maiores dedicados ao tema da afrobrasilidade, mas não é o único. Existem, pelo menos, outros cinco no Brasil:
  • Museu da Abolição, em Recife
    Inaugurado em 1957, foi fechado na década de 1990 e reinstalado em 2006. Está vinculado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN);
  • Museu Afro-Brasileiro, em Salvador
    Existe desde 1982, foi primeiramente organizado pelo fotógrafo e antropólogo Pierre Verger. Pertence à Universidade Federal da Bahia;
  • Museu do Homem do Nordeste, em Recife
    Baseado no conceito de museu regional, surgiu em 1979 da união dos acervos do antigo Museu do Açúcar, do Museu de Antropologia e do Museu de Arte Popular. É administrado pela Fundação Joaquim Nabuco;
  • Museu do Negro, em Campinas
    Inaugurado em 2002, completou cinco anos em 15 de agosto deste ano. É vinculado à prefeitura da cidade;
  • Museu do Homem de Sergipe, em Aracaju
    Surgiu em 1996 como uma iniciativa da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

O canto dos santos!

Músicos baianos se inspiram em ritmos, versos e toques do candomblé para lançar novos discos e shows


O  canto dos santos / Credito: Jamile Amine -

O canto dos santos / Credito: Jamile Amine -

Embora de gerações e estilos diferentes, os músicos baianos Gabi Guedes e Tiganá Santana vêm recriando, de maneira bem original, o “universo ancestral” das influências afro-brasileiras. Sem perderem de vista a reverência aos seus orixás, preparam-se para lançar nos próximos meses shows e discos mostrando suas experiências musicais imersas no candomblé.
Depois de trabalhar com muitos músicos no Brasil e no exterior, incluindo uma temporada de nove anos com a banda de Jimmy Cliff, Gabi, de 51 anos, agora divide a percussão na Orkestra Rumpilezz – comandada pelo maestro Letieres Leite desde 2006 – com um projeto mais autoral, o Pradarrum. A ideia é promover shows eworkshops, mesclando os ritmos tradicionais do candomblé aos da salsa, do jazz, do funk e do afrobeat. No final de março aconteceram os primeiros eventos em Salvador e outras cidades baianas. O próximo passo é a finalização do disco. “Quero mostrar essas possibilidades de fusão, o lado musical da religião, mas sem agredir ou revelar seus fundamentos”, assinala Gabi Guedes, alabê, ou tocador de atabaque, que no início dos anos 1970 já integrava a “orquestra” do famoso candomblé de Mãe Menininha do Gantois.
Filho de uma das fundadoras do movimento negro na Bahia e especialista nas histórias da África, Tiganá Santana, de 29 anos, também se mostra bem zeloso com os segredos do candomblé. Ele ainda critica a “ferina carnavalização” de seus cânticos nas ruas e nos palcos da Bahia. “Se os afoxés da primeira metade do século XX seguiam uma direção a partir de uma inscrição religiosa, ou mesmo quilombola, pessoas e agremiações mais contemporâneas parecem trilhar um caminho com outras prioridades e compromissos”, aponta. De suas experiências existenciais e religiosas (no terreiro Tumbenci, é o responsável pelos cânticos e toques), nasceram composições em diferentes línguas africanas, como o kicongo, o kibumbo e o iorubá. E melodias com “sofisticação e elegância afro-brasileira”, na avaliação do percussionista Naná Vasconcelos. Tudo isso, que já estava em Maçalê (1999)seu primeiro disco, poderá ser conferido no CD The invention of colour, prestes a chegar ao mercado brasileiro, e na turnê “Águas e Florestas – A música de Tiganá Santana” que, a partir de julho, passará por São Paulo e Bahia.
Essas aproximações não são novidade na Bahia. Nos anos 1970, os caminhos já haviam sido abertos por Mateus Aleluia (ainda em atividade) e seu grupo Tincoãs. Em tempos mais recentes, Letieres Leite e sua orquestra estão à frente do movimento. Talvez a originalidade da nova produção esteja na maior proximidade com o mundo das histórias, dos terreiros e dos ritmos africanos. “Por isso soa mais original e novo, porque são elementos da África, da Bahia, históricos, mas que não são decalques do que já existiu”, aposta o jornalista e editor Luciano Matos, que há mais de dez anos cobre o cenário musical baiano.

Escrito por: Juliana Barreto Farias